terça-feira, 14 de setembro de 2010

Movimento contra hanseníase completa 25 anos no Piauí

Por Fernanda Dino

O Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase, o Morhan, completou neste domingo (12) 25 anos de trabalho no Piauí. Segundo Ruimar Batista, coordenador estadual do movimento, foi no início da década de 80, quando ele contraiu a doença, que a entidade começou a dar os primeiros passos, mas somente no ano de 1985 foi que realmente se consolidou.

“No início dos anos 80 eu tive hanseníase e nós procuramos algumas pessoas, que nos disseram que existia o Mohan nacional. Nós procuramos e em 85 foi que o Morhan se consolidou no Piauí, procurando defender os direitos das pessoas com hanseníase, reintegrá-las e mostrar que a hanseníase tem cura”, contou Ruimar ao Acessepiauí.

A existência da cura para a hanseníase é o ponto mais destacado pelo coordenador, que afirma que ainda hoje existem pessoas que escondem que tem a doença e deixam de se tratar, tudo por medo do preconceito que podem vir a sofrer na sociedade. Muitos profissionais da saúde, inclusive, segundo ele, ainda desconhecem informações sobre o tratamento da doença.

“Nós já fizemos várias palestras, oficinas, para mostrar que a hanseníase tem cura. Quando eu fiquei doente, o médico ficava a dois, três metros de distância. Nós começamos a fazer reuniões com esses profissionais para conscientizá-los. Nos anos 80 e 90 nós fazíamos formações, mas os médicos não compareciam. Hoje já melhorou, mas a maioria dos profissionais de saúde que ainda participam dessas formações são os enfermeiros”, disse Ruimar, ressaltando que a programação pelas comemorações dos 25 anos do Mohan ainda está sendo organizada.

Omissão do Estado

Para o coordenador estadual do Morhan é por causa da omissão do Estado, em suas três esferas, que ainda existem tantos casos da doença no Brasil. E o Piauí está entre os estados que mais apresentam casos da doença. Muitos deles foram identificados através do “Caminhão da Saúde”, projeto que leva aos diversos municípios orientações e a realização de exames para detectar a doença.

“Por que a hanseníase não acaba? Por culpa do Estado que não prioriza políticas para a doença. A hanseníase é uma doença comum, que tem cura e quando se tem muitos casos da doença no país é a prova de que ele está longe de se ver livre dela. Em apenas uma semana nós detectamos 41 casos da doença em Esperantina. Também em uma semana, foram 37 casos constatados em São João do Piauí. Se tem agente de saúde, o Programa Saúde da Família, porque que isso não é detectado?”, criticou Ruimar Batista, alertando que a maioria dos casos registrados no Piauí têm sido em adolescentes e pessoas jovens.

Parcerias

Para realizar seu trabalho, o Morhan tem contado com diversas parcerias, inclusive com artistas que ajudam na divulgação das atividades do movimento. Entre os parceiros, de acordo com o coordenador, estão Grupo de Cultura Afro Abá, Teatro do Morhan de Timon, Jorjão, Darlene, Saquá, Douga Oliveira, Dilma Bezerra, Grupo Harém de Teatro e a Superintendência Regional do Trabalho (SRT) no Piauí. As parcerias também incluem instituições nacionais e internacionais, como a Pró-Brasil, o Mohan Nacional e a ONG holandesa NRL.

Atividades do Morhan no Piauí

De acordo com Lucimar Batista, que também faz parte da coordenação do Morhan no estado, apenas em 2010 mais de cinco mil pessoas já foram atendidas pelo Caminhão da Saúde. O caminhão começou a viajar pelas cidades do interior do estado no dia 17 de maio e já está no 17° município visitado.

Esta semana, entre os dias 15 e 17, o caminhão estará na cidade de São Raimundo Nonato. Nas semanas seguintes seguirá por Cajazeiras, São José do Peixe, Caracol, João Costa, Guadalupe e encerrará as atividades no final de outubro em União.

Fonte: http://www.acessepiaui.com.br/geral/movimento-contra-hansen-ase-completa-25-anos-no-piau/15300.html